D. Teresa
-
Início
-
Descobrir
-
Personagens históricas
- D. Teresa
- Amada por uns, odiada por outros, D. Teresa é indiscutivelmente uma das mulheres mais famosas da história de Portugal. Desde o casamento com Henrique de Borgonha, que recebeu do sogro, Afonso VI, o Condado Portucalense, ao progressivo afastamento do filho mais velho, Afonso Henriques, passando pela derrota na Batalha de S. Mamede e pelo seu inevitável exílio, na Galiza, a vida da condessa, filha de um rei e mãe de um outro, foi feita de momentos marcantes. Apesar de tudo isto, e sobretudo apesar do papel estratégico que desempenhou no conturbado contexto político do norte da Península Ibérica no século XII, D. Teresa permanece, quase 900 anos depois da sua morte, um grande mistério. Pouco se sabe sobre ela além de algumas decisões políticas) e a documentação existente é tão escassa que nem existem certezas quanto ao seu local de enterro, embora o seu túmulo esteja ao lado do de D. Henrique, na Capela dos Reis da Sé de Braga.
- Teresa de Leão nasceu em 1080 filha de uma relação entre Afonso VI, Rei de Leão e Castela, e Ximena Moniz, uma nobre castelhana que frequentava a corte e os aposentos do monarca.
- Criada pela sua mãe e pelo seu avô, Teresa de Leão, filha bastarda do rei, acabaria por ser entregue em casamento pelo seu pai a Henrique de Borgonha, um nobre francês que por diversas vezes auxiliou Afonso VI na guerra da reconquista contra os mouros.
- Como dote de casamento o rei oferece ao jovem casal o Condado de Portucalense, território compreendido entre os rios Minho e Vouga, que mais tarde, em 1096, seria ampliado até ao Tejo.
- Da relação entre Teresa de Leão e Henrique nasceram vários filhos, mas o único varão sobrevivente foi Afonso Henriques, aquele que viria a ser o primeiro Rei de Portugal. Por essa altura D. Teresa vê-se na contingência de se defender dos ataques da sua meia-irmã D. Urraca, Rainha de Castela e Leão, que pretendia reclamar para si o Condado de Portucale.
- Em 1112, depois da morte do seu marido, Henrique de Borgonha, D. Teresa chama a si o governo do condado sob a forma de regência em nome do seu filho, apegando-se demasiado ao poder e chegando mesmo a auto-proclamar-se rainha. As forças de Castela e Leão derrotaram facilmente o exército de Teresa de Leão que acabaria cercada no Castelo de Lanhoso.
- Pese embora a sua posição de inferioridade, e num golpe de génio, a regente conseguiu ainda negociar aquele que ficaria para a história como o Tratado de Lanhoso e através do qual garantiu a sua continuidade à frente do Condado de Portucale. Passada esta crise Teresa de Leão volta a sua atenção para uma aliança com Fernão Peres, conde de Trava, um galego que também olhava para o condado com ambição expansionista.
- Esta relação fez com que os nobres portugueses e o seu próprio filho, Afonso Henriques, se revoltassem contra D. Teresa, situação que se agravou quando esta se recusou a entregar o governo ao infante que atingira a maioridade.
- Pouco tardaria então a guerra aberta entre Afonso Henriques e a sua mãe, D. Teresa, uma disputa que terminaria em 1128, com a batalha de São Mamede. Nessa refrega as forças de D. Henrique derrotam estrondosamente os homens de D. Teresa, obrigando-a a entregar definitivamente o governo ao filho.
- A partir deste momento existem duas correntes de opinião em relação ao destino que teve D. Teresa.
- Para alguns teria sido enclausurada pelo filho D. Afonso Henriques no Castelo de Lanhoso, onde viria a falecer em 1130.
- No entanto, há quem defenda que após a derrota de São Mamede, D. Teresa, acompanhada pelo conde galego Fernão Peres, terá fugido para a Galiza, onde se exilou e onde acabaria por falecer em 1130.
- Actualmente os restos de Teresa de Leão estão na Sé de Braga, onde descansam junto aos do seu marido Henrique de Borgonha.
Fontes Bibliográficas:
MENDONÇA, Manuel (coord.) – História dos Reis de Portugal: Da Fundação à perda da Independência. Lisboa: Academia Portuguesa de História e Quidnovi, 2010.
MATTOSO, José – D. Afonso Henriques. Lisboa: Círculo de Leitores, 2007.
COELHO, Maria Helena da Cruz – Rainhas de Portugal: Séculos XI a XIII. Lisboa: Editorial Presença, 2011.
BARROCA, Mário Jorge – Epigrafia Medieval Portuguesa (862–1422). Porto: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.