Condessa Mumadona Dias
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Personagens históricas
- Condessa Mumadona Dias
- Mumadona Dias foi uma das mais importantes figuras da história medieval do Noroeste peninsular e é considerada a fundadora de Guimarães.
- Filha de Diogo Fernandes e de Onega, pertencia a uma das famílias mais poderosas do Reino de Leão. Casou-se com Hermenegildo Gonçalves também conde de elevada posição política.
- Da união nasceram seis filhos, que se tornariam igualmente protagonistas da vida nobiliárquica do Noroeste peninsular.
- Após a morte do marido, entre 943 e 950, Mumadona governou sozinha os vastos territórios do Condado Portucalense. A sua independência e capacidade de administração tornaram-na uma exceção entre as mulheres da Idade Média, que raramente exerciam poder político autónomo.
- Entre 950 e 951, fundou o Mosteiro de São Mamede, em Guimarães, ao qual doou propriedades, rendimentos, livros e objetos religiosos. Pouco depois, para proteger este mosteiro e os habitantes da região das invasões normandas (vikings), mandou edificar o Castelo de Guimarães, também chamado Castelo de São Mamede. Estes dois polos — religioso e militar — deram origem à povoação que viria a transformar-se na cidade de Guimarães.
- Em 959, redigiu um testamento de grande importância histórica, que documenta os seus vastos domínios e é hoje uma das fontes mais antigas sobre a organização territorial do Noroeste peninsular. Nele, Mumadona mostra o cuidado em assegurar a continuidade do mosteiro e da proteção das terras sob sua alçada.
- Mumadona faleceu em 968 e a sua memória permanece viva em Guimarães, onde é celebrada como a grande matriarca fundadora. O seu exemplo é notável não apenas pela dimensão política e religiosa da sua obra, mas também porque representa uma excecional afirmação do poder feminino numa numa época dominada por homens.
Figura incontornável na história de Guimarães, tem uma estátua em sua homenagem, obra do escultor Álvaro Brée e oferecida em 1960 pelo governo de Salazar cuja simbologia da obra é riquíssima:
A estátua representa a Condessa Mumadona, de pé, com vestes nobres, com uma postura simultaneamente serena e imponente, traduzindo o poder e a autoridade que exerceu no século X;
Na mão esquerda, junto ao coração e com os dedos estendidos, segura o Castelo de Guimarães (símbolo da sua obra e da defesa do povo) gesto que traduz proteção, apoio e orientação, e o seu testamento, que ela cumpriu fielmente, símbolo da sua visão de justiça e ordem.
Na mão direita, estendida para a frente, empunha a cruz, abençoando a cidade e reforçando a sua fé cristã e a dimensão religiosa do seu governo.
Assim, a estátua não é apenas uma homenagem: é uma narrativa em bronze da vida e obra da condessa. Representa a mulher que, com sabedoria e coragem, fundou um mosteiro, ergueu um castelo e, com isso, lançou as bases da cidade de Guimarães.
Fontes bibliográficas:
CARDOZO Mário, O Testamento de Mumadona, fundadora do Mosteiro e Castelo de Guimarães na segunda metade do século X, Revista de Guimarães, 1957.
AMARAL Luís Carlos, O povoamento da terra bracarense durante o século XIII, Revista da Faculdade de Letras: História, Universidade do Porto, 2009.
MATTOSO José, A nobreza medieval portuguesa: a família e o poder. Lisboa: Estampa, 1981.