Vozes Alfonsinas
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Da Quaresma à Páscoa
Programa
Sons da devoção medieval: dos primórdios a D. João I
Cânticos à maneira sefardita
1 - Anónimo, Lamento pela destruição do Templo (rito sefardita de Roma): Belèl ze yivkayun
2 - Anónimo, Leitura da Torah e Hino de Laudes (melodia sefardita portuguesa): Adonai melech
Cânticos da Adoração da Cruz (do Próprio hispano-galicano):
3 - Hino Crux fidelis / Pange lingua...proelium (melodia do ms. P-Ln Iluminado 84, fol. 96)
4 - Antífona Ecce lignum crucis (melodia do ms. E-Mn M 1361, fol. 83)
Interlúdio instrumental:
5 - Anónimo, motete Alpha, bovi et leone (versão instrumental, fragmento de Alcobaça)
Cântico do tempo de S. Geraldo de Braga (c. 1100):
6 - Anónimo, Epístola de S. Paulo a Tito, com tropo Gaudeamus (Braga, Arquivo Distrital, Missal de Mateus)
Cânticos da festa de Santiago (Próprio de Alcobaça, c. 1200):
7 - Antífona de Magnificat: O lux et decus Yspanie
8 - Antífona coral: O beate Jacobe
Interlúdio instrumental:
9 - Alfonso X, CSM 223 (Terena) Todolos coitados que querem saúde (instrumental)
Cantigas de Santa Maria, séc. XIII: milagres portugueses (I)
10 - Alfonso X, CSM 198 (Terena) Muitas vezes volv' o demo
11 - Alfonso X, CSM 199 (Terena) Com' é o mundo avondado (instrumental)
12 - Alfonso X, CSM 200 Santa Maria loei e loo e loarei
Cânticos da festa da trasladação de S. Vicente (Próprio de Lisboa, séc. XIV):
13 - Responsório Ut cum sacrum passu gravi
14 - Hino Celsi tonantis premium
Canto polifónico da corte de D. João I:
15 - Humberto Salinis, Salve Regina
Cantigas de Santa Maria, séc. XIII: milagres portugueses (II):
16 - Alfonso X, CSM 237 (Santarém) Se ben ena Virgen fïar,
17 - Alfonso X, CSM 322 (Évora) A Virgen, que de Deus madre est (instrumental)
18 - Alfonso X, CSM 346 (Estremoz): Com’ a grand’ enfermidade
Elenco
Susana Conde Teixeira - meio-soprano
João Pedro Sebastião - tenor
Sérgio Peixoto - tenor
Victor Gaspar - barítono
Madalena Cabral - rabeque e viola de arco
Nuno Torka Miranda - voz e alaúde medieval
Pedro Sousa Silva - flautas de bisel
Gonçalo Pinto Gonçalves - apresentações
Manuel Pedro Ferreira - voz e direcção
Notas ao Programa
"Sons da devoção medieval: dos primórdios a D. João I"
Neste concerto serão recordadas sonoridades que cruzaram o espaço nacional durante a Idade Média, em associação com o culto religioso.
Até ao final do século XV, judeus e muçulmanos eram autorizados a seguir os respetivos preceitos cultuais. O lugar da música era importante na tradição judaica, se bem que, depois da destruição do Templo de Jerusalém em 70 d.C., tenha havido um hiato musical e o povo hebraico tivesse deixado de contar com salmistas profissionais.
No dia nono de Av (o quinto mês do calendário judaico, que recai em julho/agosto) tem lugar o Tishah Be'Av, ocasião ritual de luto e jejum pela destruição do Templo. É então que se recitam e entoam os textos mais chorosos, como Belel ze, aqui retido segundo a tradição sefardita de Roma. Já Adonai mélech é uma invocação litúrgica que ocorre intercalada na leitura da Torah ou no serviço matinal, cantada de forma responsorial. A tradição sefardita portuguesa aplica-lhe fórmulas típicas, afins à tradição marroquina; esta terá contribuído para a reconstrução da liturgia hebraica na Holanda, após a expulsão. A versão melódica que ouviremos, baseada na comparação de várias fontes, inspira-se sobretudo no testemunho do chantre Lopes-Cardozo (1960). Surge aqui enquadrada pela cantilação da Torah segundo a tradição de Amesterdão.
No que respeita à liturgia cristã, dispomos em Portugal de fontes escritas com notação musical desde perto do ano 1000 (durante a vigência da liturgia visigótica); e notação de que se podem extrair, não apenas os contornos melódicos, mas também os intervalos cantados, desde inícios do século XII (após a adoção do rito romano-franco). Trata-se, em geral, de repertório importado: canto dito “gregoriano”, de época carolíngia e posterior. Mas há raros casos em que o repertório da liturgia visigótica, previamente exportado além-Pirenéus, sobrevive nos livros de rito romano-franco: ilustrá-los-emos com o hino Crux fidelis (que será cantado em contraponto simples) e uma antífona, Ecce lignum crucis.
Entre os cânticos de fatura mais recente, conta-se uma expansão poético-musical da Epístola de S. Paulo a Tito, o tropo Gaudeamus, composto na Aquitânia no século X, e conservado, em Portugal, no Missal de Mateus (Vila Real), hoje em Braga, do século XII. Só mais tarde começam a surgir, localmente, composições originais, ligadas a novas necessidades litúrgicas. Estão nesse caso os cânticos incluídos no programa relativos a Santiago de Compostela e a São Vicente de Saragoça.
Da festa de Santiago, por quem os primeiros reis portugueses tinham especial devoção, escutar-se-ão duas antífonas de um Ofício inédito copiado em Alcobaça, na diocese de Lisboa, em inícios do século XIII, e provavelmente provenientes da Sé Catedral, pois esta, a partir de 1199, decretada a sua obediência à metrópole de Compostela, assumiu Santiago como co-patrono. O ofício de Alcobaça recusa os aspetos teologicamente mais polémicos do primitivo ofício compostelense, que atribui a Santiago poderes quase divinos; sublinha, ao invés, o seu papel de intercessor.
Em 2010 foi descoberto, no Arquivo da Casa da Moeda, o único testemunho sobrevivente da liturgia medieval da Sé de Lisboa, com a sua música. Faz parte do ofício que comemora a trasladação lisboeta, em 1173, dos restos de S. Vicente. Esta procissão foi da freguesia de Santa Justa (aonde as relíquias tinham aportado a partir de Sagres) para a Sé; o santo tornou-se então padroeiro da cidade. As peças de canto deste ofício contêm uma narração original do achado e da trasladação das relíquias, dando maior importância ao prior e aos fregueses de Santa Justa do que as narrativas mais conhecidas. O ofício parece estar relacionado com a campanha de promoção do culto vicentino na Sé em meados do século XIV (com a reformulação da cabeceira e instalação de túmulos reais na capela-mor a par de S. Vicente); foi cantado todos os anos a 15 de setembro, até à época de Filipe II.
A criação musical de índole religiosa não foi apenas estimulada pela Igreja, mas também pela monarquia. Foi por iniciativa do rei de Castela e Leão, Alfonso X (1221-1284), que se compuseram e coligiram as Cantigas de Santa Maria, escritas em galego-português e anotadas de maneira mensural. Escutaremos, ao longo do concerto, algumas das cantigas que narram milagres ocorridos no centro e sul de Portugal (Santarém, Estremoz, Terena e Évora).
A investigação recente revelou também que D. João I contratou para a sua capela real, em Lisboa, um cantor e compositor provavelmente oriundo do leste de França, Humberto de Salinis, que aqui esteve nos primeiros anos do século XV. Não se trata apenas de um nome, mas também da possibilidade de escutarmos música da sua autoria, de que é exemplo a Salve Regina que incluímos no programa, com o canto reforçado por instrumentos existentes na época.
Sinopse
“O agrupamento de música medieval Vozes Alfonsinas, dirigido por Manuel Pedro Ferreira, apresentará um programa construído à volta das Cantigas de Santa Maria, de Alfonso X el Sabio, que constituem o monumento mais significativo da música trovadoresca medieval de temática religiosa. Um programa que nos levará até à época da fundação da nacionalidade - um marco identitário da cidade de Guimarães - e ao idioma que então se falava neste espaço geográfico: o galego-português.”
César Viana
VOZES ALFONSINAS - Notas Biográficas
Fundado em 1995 por Manuel Pedro Ferreira, o grupo “Vozes Alfonsinas” tem estado na vanguarda da interpretação historicamente informada baseada na investigação de fontes ibéricas da Idade Média e do Renascimento, do que resultaram muitas estreias modernas. Tem acuado em Portugal, Espanha, Itália, Holanda e E.U.A. Gravou ao vivo para a rádio em sete ocasiões. Os críticos têm destacado a “grande consciência estilística” (Público), a “sonoridade de grande clareza” (Expresso), “momentos de uma grande comoção e intensidade” (Além-mar) e a “pureza requintada” do canto (Plainsong & Medieval Music).
Discografia:
1998 - CD As melodías de Martín Codax /VG.233-1998, in Johán de Cangas. Martín Codax. Meendinho: Lírica Medieval, 1200-1350, Vigo: Edicións Xerais de Galicia, ISBN 9788483022511 (gravação: 1995)
2000 - CD O Tempo dos Trovadores / The Time of Troubadours, Strauss/Ministério da Cultura, col. PortugalSom SP 4287 (gravação: 1999)
2001 - CD La mar de la musica: Vilancicos e música instrumental dos séculos XVI e XVII, EMI-Classics Portugal 7243-5-57130-2-5 (gravação: 1998)
2008a - CD Cânticos bracarenses de Natal e Matinas de S. Geraldo, Murecords MU0104/II, in Manuel Pedro Ferreira, Antologia de Música em Portugal na Idade Média e no Renascimento, Lisboa: Arte das Musas / Cesem, ISBN 978-95983-1-7 (gravação: 2000)
2008b - CD Antologia sonora: dos Visigodos a D. Sebastião, Murecords MU0104/I, in Antologia, cit. (gravação: 2008)
2010 - Participação: DVD Percursos da Música Portuguesa, dir. Jorge Matta, Lisboa: Valentim de Carvalho/RTP, 947/2010, I/1-2 (gravação: 2008)
2015 - Faixas 10/11/14 in CD Cantigas de Trovadores: de amigo, de amor, de maldizer, Lisboa: A Bela e o Monstro, ISBN 978-989-8737-21-2 (gravação ao vivo: 2013)
2019 - CD Mon seul plaisir. Canções de corte do século XV do códice Porto 714, MPMP CD50 (gravação: 2002)
2022 - Gravação de dois CDs, Cantigas em maneira de proençal e Cânticos sefarditas. Liturgias de Lisboa e Alcobaça, para CESEM/Mpmp (a publicar em 2025).
17:00
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- Organização
- Município de Guimarães
Parceiro
Sociedade Musical de GuimarãesParceiro Media
Rádio Renascença
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Classificação etária | M/6
Duração aprox. | 60 min
- Direitos reservados
- Texto e Imagem
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