A Igreja de S. Torcato é um templo românico, produto de várias fases construtivas, ao longo de praticamente quatro séculos (X-XIII). Contudo, o seu interesse está relacionado com o espólio pré-românico. As campanhas arqueológicas dos anos 80 do século passado, que fazem situar a ocupação nos primeiros tempos da idade média, permitiram destacar elementos préromânicos de importância significativa, definindo-se este monumento como um dos mais emblemáticos testemunhos da arte visigótica do norte do país.
Os mais importantes vestígios são os frisos de calcário que decoram a parte interna da capela-mor. Com uma decoração cuidada, à base de círculos tangentes e quadrifólios, são um dos principais elementos de caracterização da complexa realidade artística do Século X. Ao mesmo tempo que revelam uma relação direta para com a homogénea produção asturiana (com a qual os seus promotores estavam ideologicamente vinculados), atestam, também, a vitalidade de um canal de influência sul-norte, relacionando-se estilisticamente com peças geométricas identificadas em Tomar e em Lisboa. Dois aximezes (janelas duplas de arcos ultrapassados) constam, ainda, do espólio pré-românico do local.
Outros elementos, como um capitel vegetalista e uma lipsanoteca (pequena caixa de madeira para relíquias), que se contextualiza com outra produção asturiana, fazem da pequena Capela de S. Torcato um dos pontos obrigatórios da arte altimedieval em território português, reafirmando um estatuto de charneira entre o norte cristão e o sul islâmico, não já em antagonismo constante – como tantas vezes a História o descreveu – mas sim em progressivo contacto cultural e artístico.
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